Na democracia todos os cidadãos têm direito e deveres iguais perante a lei. Mas vimos que nem t odos eram cidad ãos na Grécia antiga. Então, podemos concluir que a cidadania na democracia é um direito, mas também uma conquista de 28 alguns setores d a sociedade. Por exemp lo: no Brasil, por muito tempo, os an alfabetos não podiam votar. Ou seja, eram excluídos do processo democrático. Leia o texto apresentado a seguir e reflita antes de responder: “No que d iz respeito aos sujeitos chamados a tomar (ou colaborar para a tomada de) decisões coletivas, um regime democrático caracteriza-se por atribuir este poder (que estando autorizado pela lei fundamental torna-se um direito) a um número muito elevado d e membros do grupo. Percebo que "número muito elevado" é uma expressão vaga. No entanto, os discursos políticos inscrevem-se no universo do "aproximadamente", e do "na maior parte das vezes" e, além disto, é impossível dizer "todos" porque mesmo no mais perfeito regime democrático não votam os indivíduos que não atingiram uma certa idade. A omnicracia, como governo de todos, é um ideal-limite. “(BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia. Uma defesa das regras do jogo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. p. 19) Segundo o enunciado, a democracia é realmente o governo de todos? Justifique a sua resposta.

Segundo a passagem e o entendimento em torno do conceito da democracia, a democracia idealmente representa o governo de todos, ou seja, que todos os cidadãos tenham a mesma participação e influência na tomada de decisões coletivas, sejam eles direitos, deveres e igualdades. No entanto, na prática, a democracia se traduz num governo da maioria. <br /><br />Vamos analisar o porquê disso em mais detalhes:<br /><br />1. A democracia visa incluir todos os cidadãos na tomada de decisões coletivas. No entanto, a frase "todos os cidadãos" é um termo bastante abstrato na conversa política, pois existem critérios que devem ser cumpridos para serem considerados cidadãos plenos. Por exemplo, na passagem citada, menciona-se que indivíduos abaixo de uma certa idade não votam. Em outra parte do mundo, pode haver outras limitações. Portanto, “todos” significaria todos que atendam a esses critérios pré-definidos.<br /><br />2. Mesmo que todos os "cidadãos" tenham o direito de votar, devido à natureza do processo eleitoral, apenas a decisão coletiva da maioria é implementada e, portanto, a representação discursiva pode ser vista como indicativa do governo da maioria.<br /><br />3. A ambiguidade de "todos" em conversas políticas também impede a democracia de ser efetivamente o governo de todos. O "aproximadamente" e "na maior parte das vezes" ilustram a incerteza inerente aos discursos e decisões políticos. Portanto, a democracia pode ser vista como um ideal mais do que um estado absoluto de funcionamento político.<br /><br />4. O conceito de "omnicracia", o governo de todos, é visto mais como um ideal distante a ser alcançado do que como uma representação precisa da prática democrática atual.<br /><br />5. Além disso, há um aspecto importante que é o fato de que, embora através da votação se forme um governo que é tecnicamente escolha da maioria, este governo é responsável por governar para todos, e não apenas para aqueles que votaram nele.<br /><br />Então, em conclusão, idealmente, a democracia é o governo de todos, mas, na prática e dos termos conversacionais, é mais adequadamente descrita como o governo da maioria.